O Que é Teologia
A teologia é a palavra de Deus, que é apreendida por almas puras, humildes e espiritualmente regeneradas, e não as belas palavras da mente, que são Trabalhadas com arte literária e expressas pelo espírito legal ou mundano.
Assim como uma bela estátua não pode falar, as palavras fabricadas são incapazes de falar à alma de um homem, exceto se os ouvintes são muito mundanos e satisfeitos simplesmente por uma conversa encantadora.
Teologia que é ensinada como uma ciência normalmente examina as coisas historicamente e, conseqüentemente, as coisas são compreendidas externamente. Como a ascese patrística e a experiência interna estão ausentes, esse tipo de teologia está cheia de incertezas e perguntas. Pois com a mente não se pode captar as Energias Divinas se não praticar primeiramente a ascese e viver as Energias Divinas, para que a Graça de Deus possa ser energizada dentro dele.
Quem pensa que pode vir a conhecer os mistérios de Deus através da teoria científica externa, assemelha-se ao tolo que quer ver o Paraíso com um telescópio.
Aqueles que lutam patrísticamente tornam-se teólogos empíricos através da visitação da Graça do Espírito Santo. Todos os que têm uma educação externa, além da iluminação interna da alma, podem descrever os mistérios divinos e interpretá-los corretamente, como fizeram muitos Santos Padres.
Se, no entanto, não se tornar espiritualmente relacionado com os Santos Padres e quiser assumir a tradução ou a escrita, fará mal tanto aos santos Padres quanto a si mesmo, assim como ao povo, com sua nebulosidade espiritual.
Nem é certo que alguém se teologize usando a teologia de outra pessoa, porque ele se assemelhará a um homem impotente que adota os filhos dos outros, os apresenta como seus e finge ser o pai de uma grande família. Os santos Padres tomaram a palavra divina ou experiências pessoais de seus corações: o resultado de batalhas espirituais contra o mal e o fogo das tentações, que confessaram humildemente ou, por amor, anotaram para nos ajudar. Eles nunca mantiveram esse amor por si mesmos, reconhecendo, igualmente, que a humildade e todos os dons divinos são de Deus.
Aqueles que apresentam os dons de Deus como seus próprios são os mais insolentes e mais injustos do mundo, pois eles se opõem a Deus e, mais ainda, a si mesmos. Desta forma eles se tornam privados da Graça Divina para que não sejam julgados como sendo mais ingratos e para que não sejam destruídos devido à sua grande vaidade.
Aqueles que são gratos a Deus por tudo e constantemente atendem a si mesmos humildemente e cuidam da criação e das criaturas de Deus com bondade, teologizam e assim se tornam os mais fiéis teólogos, mesmo se analfabetos. Eles são como os pastores analfabetos que observam o clima no campo, dia e noite, e se tornam bons meteorologistas.
Aqueles que vivem simplesmente, com bondade e bons pensamentos, e adquiriram simplicidade e pureza interiores, consideram o sobrenatural muito simplesmente, como natural, pois tudo é simples para Deus. Deus não usa mais poder para o sobrenatural e menos para o natural, mas o mesmo poder para tudo. Ele mesmo é muito simples e Seu Filho nos revelou isto na terra com Sua santa simplicidade.
Quando a pureza chega ao homem e a simplicidade com sua fervorosa fé e devoção chega também, então a Santíssima Trindade ocupa Sua morada dentro de nós. Com esta iluminação divina se encontram facilmente as chaves dos significados divinos, de modo a interpretar o Espírito de Deus de uma maneira muito simples e natural, sem causar uma dor de cabeça intelectual.
Dependendo da pureza ou engano que alguém possui, interpretações análogas são feitas, e alguém é beneficiado ou prejudicado em conformidade. Muitas vezes, alguém pode causar danos devido à sua inexperiência, mesmo se agir com boas intenções. Por exemplo, uma pessoa não sabe que o vinho branco também existe além do vermelho, e derrama tinta vermelha nele para aparentemente torná-lo melhor, e desta forma ele envenena as pessoas. Mas mesmo que não seja inexperiente ou enganoso, mas trabalhe somente a partir da justiça e lógica humanas, interpretará erroneamente, mais uma vez, o Espírito de Deus e, como resultado, prejudicará a si mesmo e aos outros.
Com lógica e justiça humana, também ouvimos as queixas dos trabalhadores da primeira e terceira hora do Evangelho (Mateus 20: 1-15), que acreditavam que eram injustamente tratados. Deus, no entanto, o espectador dos corações dos homens, com a sutileza de Sua divina justiça, também recompensou os trabalhadores da hora undécima pela angústia que sofreram antes de encontrar trabalho. Deus teria dado aos trabalhadores da hora undécima uma recompensa maior, por Sua justiça divina, cheia de misericórdia e amor, porque os pobres sofreram muito na alma e ficaram mais fatigados do que aqueles que, por mais horas, estavam exaustos fisicamente. Mas nós, pessoas estreitas e miseráveis que somos, não podemos encaixar a justiça divina de Deus em nossas mentes limitadas, assim como Sua bondade infinita não pode caber dentro de nosso amor limitado.
Portanto, o amor de Deus estava limitado a dar a todos a mesma recompensa acordada, para não escandalizar.